Quem utiliza bastante a internet, principalmente as redes sociais, já deve ter visto, pelo menos uma vez, uma reclamação bastante comum entre os internautas: a distância de onde vivem as 'pessoas certas'.
Pois é, dia desses fui marcado em uma publicação no Facebook que dizia: 'Por que as melhores pessoas tem que morar longe da gente.'. Não é a primeira vez que vejo algo do tipo, volta e meia na minha timeline as pessoas estão se queixando da mesma coisa.
Então comecei a me questionar sobre essa tal 'injustiça da vida'. Será mesmo que as pessoas certas estão longe? Por que muitas vezes pensamos assim?
Não sou psicólogo e nem dono da verdade, mas gosto de analisar as pessoas, os comportamentos humanos, e tirar minhas próprias conclusões sobre a vida.
O ser humano está sempre em busca de respostas, procura se adaptar ao meio em que vive a fim de alcançar um certo reconhecimento e se sentir parte desse meio. Temos também, a necessidade de falar, expor nossas opiniões, sermos ouvidos e acredito que nossa maior busca seja o entendimento, queremos ser compreendidos pela sociedade e pelos que nos cercam, para isso, buscamos através dos meios possíveis, nos fazer enxergar.
Quem nunca postou uma indireta para alguém no twitter? ou mesmo, compartilhou aquela foto com uma frase que expressava exatamente o que você estava sentindo, ou uma opinião que você concordava? Essas são formas de expormos, mesmo que não interesse aos outros, o que sentimos e pensamos, queremos compartilhar isso na busca de outros que nos entendam e assim não nos sentirmos sós.
Essa liberdade que a internet proporciona, pode ser positiva ou negativa, ela pode agir como uma forma de desabafarmos e tirarmos de nós, coisas que muitas vezes nos sufocam, porém nem sempre temos um retorno, ou seja, nem sempre ouvimos de alguém o que esperamos quando contamos nossos problemas e sobre nós, e isso pode nos frustrar a ponto de nos fazer sentir sozinhos e incompreendidos.
Quando encontramos pessoas que de certa forma se parecem com a gente, tendemos a nos envolver e criarmos laços afetivos mesmo sem as ter conhecido pessoalmente. Esses laços são criados a partir de detalhes que admiramos na personalidade da pessoa, que fazem parte de nós ou que simplesmente gostaríamos de ter.
Mas por que só encontramos esses detalhes em quem está longe? Simples. Quando estamos longe, não temos o contato diário como o que temos com nossa família e amigos que vivem próximos a nós, e isso faz com que idealizemos pessoas perfeitas, ou seja, que não existem. É tendência nossa, que vejamos apenas o lado bom dessas pessoas e ignoremos o negativo, fazendo assim, criarmos expectativas tolas com relação à elas. Quando estamos perto, fica mais fácil vermos os defeitos também, e ás vezes, a intolerância e a imaturidade torna difícil a convivência entre os indivíduos, já a distância causa a ilusão da perfeição, pois temos a 'opção' de enxergamos em quem está do outro lado do computador, apenas aquilo que nos agrada. Já parou para pensar, que em muitos casos de pessoas que idealizaram uma amizade perfeita pela internet, logo após a primeira briga, mesmo as por motivos fúteis, acabam se tornando inimigos mortais e nunca mais voltam a teclar umas com as outras? Pois é, prova da inconsistência e ilusão da tal amizade.
Fato é que, o ser humano nunca está satisfeito com o que tem. Preferimos o impossível, o novo, o que está mais difícil de conseguirmos do que 'nos virar' com o que temos. Por que as pessoas que estão próximas a gente, também não podem ser as pessoas certas? Qual a dificuldade em extrairmos o melhor dos nossos relacionamentos, digamos, mais fáceis, no sentido de que estão próximos a nós e assim podemos sentir, olhar nos olhos, tentar compreender e sermos compreendidos com mais facilidade. Não digo com isso, abandonar e desacreditar nas amizades virtuais, até porque elas existem sim, elas são possíveis sim, mas a questão é que não são as únicas, quem está longe, nós apenas não vemos com tanta facilidade, mas eles também tem seus defeitos.
É preciso não nos deixar levar pela doce ilusão de que podemos no outro, encontrar as respostas para nossos questionamentos internos, de que podemos nos espelhar e viver sua vida. Cabe a cada um de nós, buscarmos a nossa independência emocional, as respostas para as perguntas que nos fazemos a vida inteira, muitas delas estão dentro de nós mesmo. Quando alcançamos esse grau de maturidade e independência, se torna mais fácil enxergarmos os bons e verdadeiros amigos e amizade quase perfeita em quem está por perto também.
